sábado, 4 de julho de 2009

Sobre Morgado


Foi-me pedido, um pequeno texto, de uma página A4, sobre o meu pai, para um encontro de professores no âmbito do plano da Matemática para o 1º ciclo que realizou no Forum da Maia em 2 de Julho de 2009. Como entendo que não se pode em pessoas como José Morgado,ou Ruy Luís Gomes, ou Bento Caraça, separar o cidadão politicamente activo, do investigador e do professor, enviei o seguinte texto para que lhe dessem o uso que entendessem mais conveniente.




Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive


Ricardo Reis


Morgado era assim, quer fosse apresentar um trabalho de investigação quer fosse fazer uma exposição didáctica numa escola básica ou secundária, ou na preparação das aulas, desde um Seminário do 5º ano a uma cadeira do 1º ano ou, ainda, de um encontro de matemáticos a um comício.




Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

(...)

Porque os outros vão à sombra dos abrigos,
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Porque
Sophia de Mello breyner


Morgado era assim, e expulso do ensino em 1947, quando era assistente no Instituto Superior de Agronomia, e foi preso pela pide várias vezes e julgado nos Tribunais plenários e condenado por motivos políticos. Na candidatura de Ruy Luís Gomes à Presidência da República, em 1951, foram, o candidato, Morgado e outros companheiros, barbaramente espancados na histórica "Noite de Rio Tinto". Como continuou a ser assim foi para o exílio em Recife, Brasil, de Fevereiro de 1960 até ao 25 de Abril de 1974. Na sua Pátria viveu a Revolução, defendeu uma nova sociedade onde uns homens não possam viver da miséria e exploração dos outros homens. É um exemplo de tolerância, coerência e seriedade intelectual. Morreu em 8 de Outubro de 2003 assim como sempre foi.

Paulo Morgado


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