Na Introdução ao seu livro Nómadas e Sendentários na Ásia Central, Miguel Urbano Rodrigues começa por nos dizer que possivelmente a ideia deste seu trabalho terá nascido em 1986, nas ruínas de uma antiquíssima cidade do Norte do Afeganistão.
A sua curiosidade natural e o seu espírito de observação levaram-no a formular várias perguntas às pessoas com quem foi tendo contacto, mas algumas dessas indagações não obtiveram resposta, porque as pessoas que interrogou não tinham tido interesse em se informar. Por exemplo, não conseguiu saber o nome da tal cidade arruinada, nem a época em que tinha sido construída.
Em face desta situação, Miguel Urbano, fez as seguintes considerações:
«Essas indagações, repetidas e ampliadas, estiveram na origem do interesse crescente que o cenário geográfico e histórico do Afeganistão me inspirou, quando a guerra ali me atraiu pela primeira vez em 1980. Para tentar compreender um pouco o presente, procurei subir pelo passado até onde me era possível. (...)
O interesse diversificou-se; o cenário ganhou outra dimensão. A Ásia Central passou a ser quase obsessão.
(...)
O fascínio por culturas justapostas, algumas antagónicas, foi germinando até se transformar em projecto, o desejo vago de passar, a reflexão escrita, a minha meditação descontínua sobre o movimento dos povos e o encontro e choque de civilizações, numa área de contornos fluidos, que tem por núcleo a Ásia Central, mas é mais ampla que ela.»
E mais adiante, miguel Urbano declara:
«Se este livro for bem recebido pelos jovens que, nas Universidades portuguesas se entregam com amor aos estudos históricos, se ele conseguir despertar-lhes o interesse pelo papel decisivo que a Ásia Central desempenhou durante dois milénios no processo de interacção de civilizações e, portanto, da evolução da Humanidade, sentirei que valeu a pena o esforço que me exigiu a sua elaboração.»
Estou inteiramente convencido de que esse esforço, que não foi pequeno, não será considerado um esforço perdido. Muito pelo contrário; trata-se de um esforço que despertará a curiosidade dos seus leitores atentos, trata-se de um esforço que motivará o aparecimento de novos trabalhos sobre o nascimento e evolução de civilizações de povos asiáticos ou até não asiáticos.
De facto, o cuidado que Miguel Urbano teve em não dissociar o estudo da Geografia do estudo da História dos povos asiáticos, o cuidado em incluir na Introdução o significado actual de cerca de 100 palavras ou expressões usadas em uma ou mais regiões da Ásia Central, mas não usadas ou muitíssimo pouco usadas em Portugal e noutros países de língua portuguesa, o cuidado que teve, ao longo das cerca de 40 páginas da Introdução, em formular perguntas ao leitor (em, de certo mod, conversar com o leitor), pondo-o a par de algumas dificuldades e, inclusivamente, de algumas questões a que o próprio Miguel Urbano declarou ainda não saber responder (mas não declarou que desistia de vir a saber), enfim, a grande seriedade de Miguel Urbano, tudo isto poderá motivar a elaboração de outros trabalhos sobre temas análogos ao tema do presente livro - a aventursa do homem na Ásia Central.
E uma tal motivação é tanto mais necessária quanto é certo qu, conforme pode ler-se na História da Literatura Portuguesa, de António José Saraiva e Óscar Lopes (6ª ed., p. 328),
«está por estudar, sob o ponto de vista literário, como sob o histórico, a colecção de 61 volumes de documentos intitulada "Jesuítas na Ásia", existente [então] na Bibliuoteca da Ajuda, em cópias setecentistas de que recentemente se descobriram os originais em Madrid (vide Brotéria, vol. LXXXII, 1961, Janeiro)»
Quanto ao facto de Miguel Urbano fazer perguntas, a algumas das quais ainda não saber responder (apenas podendo talvez formular algumas hipóteses),convém lembrar uma passagem do livro de Lucien Fèbvre, intitulado Combats pour L'Histoire (Combates pela História, traduzido por Leonor Martinho Simões e Gisela Moniz, 3ª ed., Lisboa, 1989, Editorial Presença, Lda). Este livro contém os textos de vários artigos e conferências do seu Autor).
A conferência a que nos vamos referir intitula-se Viver a História e foi dirigida aos alunos da l' École Normale Supérieure, no princípio do ano lectivo de 1941.
Entre outras coisas, diz o seguinte (pp. 32 - 33):
«Se o historiador não põe a si próprio problemas ou, tendo-os posto, não formula hipóteses para os resolver - no que respeita a ofício, a técnica, a esforço científico, sou levado a dizer que está um tanto atrasado em relação ao último dos nossos camponeses, porque esses sabem que não convém lançar seus animais, em desordem, no primeiro campo que apareça, para eles pastarem ao acaso: mantêm-nos no cercado, prendem-nos à estaca, fazem-nos parsar mais aqui que ali. E sabem porquê?»
Há um certo exagero nesta afirmação de Lucien Febvre ...
*A sua curiosidade natural e o seu espírito de observação levaram-no a formular várias perguntas às pessoas com quem foi tendo contacto, mas algumas dessas indagações não obtiveram resposta, porque as pessoas que interrogou não tinham tido interesse em se informar. Por exemplo, não conseguiu saber o nome da tal cidade arruinada, nem a época em que tinha sido construída.
Em face desta situação, Miguel Urbano, fez as seguintes considerações:
«Essas indagações, repetidas e ampliadas, estiveram na origem do interesse crescente que o cenário geográfico e histórico do Afeganistão me inspirou, quando a guerra ali me atraiu pela primeira vez em 1980. Para tentar compreender um pouco o presente, procurei subir pelo passado até onde me era possível. (...)
O interesse diversificou-se; o cenário ganhou outra dimensão. A Ásia Central passou a ser quase obsessão.
(...)
O fascínio por culturas justapostas, algumas antagónicas, foi germinando até se transformar em projecto, o desejo vago de passar, a reflexão escrita, a minha meditação descontínua sobre o movimento dos povos e o encontro e choque de civilizações, numa área de contornos fluidos, que tem por núcleo a Ásia Central, mas é mais ampla que ela.»
E mais adiante, miguel Urbano declara:
«Se este livro for bem recebido pelos jovens que, nas Universidades portuguesas se entregam com amor aos estudos históricos, se ele conseguir despertar-lhes o interesse pelo papel decisivo que a Ásia Central desempenhou durante dois milénios no processo de interacção de civilizações e, portanto, da evolução da Humanidade, sentirei que valeu a pena o esforço que me exigiu a sua elaboração.»
Estou inteiramente convencido de que esse esforço, que não foi pequeno, não será considerado um esforço perdido. Muito pelo contrário; trata-se de um esforço que despertará a curiosidade dos seus leitores atentos, trata-se de um esforço que motivará o aparecimento de novos trabalhos sobre o nascimento e evolução de civilizações de povos asiáticos ou até não asiáticos.
De facto, o cuidado que Miguel Urbano teve em não dissociar o estudo da Geografia do estudo da História dos povos asiáticos, o cuidado em incluir na Introdução o significado actual de cerca de 100 palavras ou expressões usadas em uma ou mais regiões da Ásia Central, mas não usadas ou muitíssimo pouco usadas em Portugal e noutros países de língua portuguesa, o cuidado que teve, ao longo das cerca de 40 páginas da Introdução, em formular perguntas ao leitor (em, de certo mod, conversar com o leitor), pondo-o a par de algumas dificuldades e, inclusivamente, de algumas questões a que o próprio Miguel Urbano declarou ainda não saber responder (mas não declarou que desistia de vir a saber), enfim, a grande seriedade de Miguel Urbano, tudo isto poderá motivar a elaboração de outros trabalhos sobre temas análogos ao tema do presente livro - a aventursa do homem na Ásia Central.
E uma tal motivação é tanto mais necessária quanto é certo qu, conforme pode ler-se na História da Literatura Portuguesa, de António José Saraiva e Óscar Lopes (6ª ed., p. 328),
«está por estudar, sob o ponto de vista literário, como sob o histórico, a colecção de 61 volumes de documentos intitulada "Jesuítas na Ásia", existente [então] na Bibliuoteca da Ajuda, em cópias setecentistas de que recentemente se descobriram os originais em Madrid (vide Brotéria, vol. LXXXII, 1961, Janeiro)»
Quanto ao facto de Miguel Urbano fazer perguntas, a algumas das quais ainda não saber responder (apenas podendo talvez formular algumas hipóteses),convém lembrar uma passagem do livro de Lucien Fèbvre, intitulado Combats pour L'Histoire (Combates pela História, traduzido por Leonor Martinho Simões e Gisela Moniz, 3ª ed., Lisboa, 1989, Editorial Presença, Lda). Este livro contém os textos de vários artigos e conferências do seu Autor).
A conferência a que nos vamos referir intitula-se Viver a História e foi dirigida aos alunos da l' École Normale Supérieure, no princípio do ano lectivo de 1941.
Entre outras coisas, diz o seguinte (pp. 32 - 33):
«Se o historiador não põe a si próprio problemas ou, tendo-os posto, não formula hipóteses para os resolver - no que respeita a ofício, a técnica, a esforço científico, sou levado a dizer que está um tanto atrasado em relação ao último dos nossos camponeses, porque esses sabem que não convém lançar seus animais, em desordem, no primeiro campo que apareça, para eles pastarem ao acaso: mantêm-nos no cercado, prendem-nos à estaca, fazem-nos parsar mais aqui que ali. E sabem porquê?»
Há um certo exagero nesta afirmação de Lucien Febvre ...
A propósito da ligação entre entre História e Geografia, pode ler-se, na Introdução do presente livro de Miguel Urbano, o seguinte (pp 11 - 12):
«Historiadores portugueses do século XVI deram uma contribuição de grande valor para um melhor conhecimento, na Europa, de aspectos da Ásiareal, pondo fim a mitos que a desfiguravam. Benedicto de Goes, um jesuíta português, percorreu a Rota da Seda, e foi talvez o primeiro europeu a desfazer em 1603 confusões geográficas e históricas que nasciam da multiplicidade de nomes utilizadas para designar a China.
Nos últimos séculos a historiografia portuguesa fechou-se, porém, sobre a Índia, no tocante à Ásia, e mais concretamente sobre uma parcela da Índia. Da importância e significado do conjunto da obra produzida pelos estudiosos, da presença portuguesa no subcontinente, faz prova a opinião que, sobre esta,expressam alguns dos mais eminentes historiadores indianos contemporâneo»
Em vez de Benedicto de Goes, não será Bento de Goes?
Faço esta pergunta, porque é como Bento de Goes, e não como Benedicto de Goes, que um jesuíta português vem mencionado na Grande Eciclopédia Delta Larousse, na Enciclopédia Luso - Brasileira de Cultura, na Nova Enciclopédia Larousse e no vol. II da História de Portugal de A. H. de Oliveira Marques.
Não sei se terá acontecido que, atendendo à proximidade de significados das palavras Bento e Benectido, ambos os nomes, Bento de Goes e Benectido de Goes, tenham sido usados por uma mesma pessoa!...
A propósito de um melhor conhecimento, na Europa, de aspectos da Ásia real , talvez fosse interessante fazer uma alusão, naturalmente breve, ao célebre livro Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. E digo alusão, naturalmente breve, porque Fernão Mendes Pinto não é considerado um historiador.
No entanto,
na Nova Enciclopédia Larousse, diz-se que
«O testemunho documental da Peregrinação, para além do seu valor artístico, é valiosíssima, pelos relatos não só dos costumes chineses, japoneses e de outros povos asiáticos, mas também pelo retrato que faz, nem sempre abonatório, da presença portuguesa no Oriente do século XVI.»
Na Grande Enciclopédia Delta Larousse, pode ler-se que
«Fernão Mendes Pinto incorre por vezes em exagerações fantasiosas que, por serem tais e tantas, deram origem ao conhecido jogo de palavras: "Fernão! Mentes? Minto." Todavia, como observam vários historiadores modernos, em todas as fantasias que nos relata há muito de verdadeiro, e sua obra constitui um dos mais ricos repositórios de informações sobre a época e os costumes antigos das regiões que percorreu.
(...)
A Peregrinação foi traduzida, logo depois da sua publicação, para a maioria das línguas cultas do mundo, fazendo de Fernão Mentes Pinto um dos escritores portugueses mais divulgados internacionalmente.»
Na pág. 26 do vol. II da História de Portugal , de Oliveira Marques, diz-se que:
«O maior de todos os viajantes portugueses da primeira metade do século XVI foi, sem dúvida, Fernão Mendes Pinto, aventureiro em busca de fortuna, que visitou o sudoeste asiático, a China, o Japão, em longos percursos que lhe ocuparam dezassete anos de vida (1537 - 1554). A sua peregrinação, só publicada em 1614, combina uma boa dose de imaginação e de fantasia com grande parte de informes verídicos e palpitantes de vida. Com justiça tem sido apodado de Marco Polo portugues.»
Na História de Literatura Portuguesa, de António José Saraiva e Óscar Lopes (pp 319 - 320; da 6ª edição) pode ler-se:
«O mais interessante livro de viagem do século XVI português e um dos mais interessantes da literatura mundial é a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto (~1510 - 1583).
(...)
Podem distinguir-se na Peregrinação capítulos que se inspiram evidentemente na experiência directa e capítulos que são reconstrução a partir de fontes literárias e outras igualmente indirectas. Está no primeiro caso a descrição do Japão, ou antes, dos meios aristocráticos japoneses, de que F.M.P. apreendeu com finura feições típicas, como o espírito guerreiro, a cortesia fidalga, a fúria da honra, e outros - antecipando-se aos observadores exotistas do século XIX. Está no segundo caso a descrição da China, prodigiosa civilização que o espanta e cuja superioridade ele procura explicar pela história, leis, normas morais e preceitos religiosos. Esta descrição da China é na realidade o esboço de uma utopia, e antecipa-se à crítica social mediante contrastes de civilizações, tão praticada no século XVIII.
O exotismo de F. M. Pinto resulta do seu interesse incessante pelas formas das civilizações que percorreu. Mas, ao contrário do que sucede com a maior parte da literatura exótica do séc. XIX, não se trata de um simples desfrutador de curiosidade. Não tem o preconceito de superioridade da sua civilização ou de sua raça, e por isso assume facilmente perante os orientais uma atitude admirativa e humilde que o leva, por exemplo, a desejar que as leis de China sejam imitadas em Portugal. A isenção de preconceitos raciais, nacionais ou religiosos, juntamente com a atitude crítica que nunca abandona, revelam-se ao pôr na boca das suas personagens orientais as opiniões e comentários mais depreciativos acerca dos Europeus. Para eles, estes homens brancos e barbados não passam de vagabundos miseráveis ou de salteadores bárbaros, sem educação, sem humanidade sem verdadeira religião.»
*«Historiadores portugueses do século XVI deram uma contribuição de grande valor para um melhor conhecimento, na Europa, de aspectos da Ásiareal, pondo fim a mitos que a desfiguravam. Benedicto de Goes, um jesuíta português, percorreu a Rota da Seda, e foi talvez o primeiro europeu a desfazer em 1603 confusões geográficas e históricas que nasciam da multiplicidade de nomes utilizadas para designar a China.
Nos últimos séculos a historiografia portuguesa fechou-se, porém, sobre a Índia, no tocante à Ásia, e mais concretamente sobre uma parcela da Índia. Da importância e significado do conjunto da obra produzida pelos estudiosos, da presença portuguesa no subcontinente, faz prova a opinião que, sobre esta,expressam alguns dos mais eminentes historiadores indianos contemporâneo»
Em vez de Benedicto de Goes, não será Bento de Goes?
Faço esta pergunta, porque é como Bento de Goes, e não como Benedicto de Goes, que um jesuíta português vem mencionado na Grande Eciclopédia Delta Larousse, na Enciclopédia Luso - Brasileira de Cultura, na Nova Enciclopédia Larousse e no vol. II da História de Portugal de A. H. de Oliveira Marques.
Não sei se terá acontecido que, atendendo à proximidade de significados das palavras Bento e Benectido, ambos os nomes, Bento de Goes e Benectido de Goes, tenham sido usados por uma mesma pessoa!...
A propósito de um melhor conhecimento, na Europa, de aspectos da Ásia real , talvez fosse interessante fazer uma alusão, naturalmente breve, ao célebre livro Peregrinação de Fernão Mendes Pinto. E digo alusão, naturalmente breve, porque Fernão Mendes Pinto não é considerado um historiador.
No entanto,
na Nova Enciclopédia Larousse, diz-se que
«O testemunho documental da Peregrinação, para além do seu valor artístico, é valiosíssima, pelos relatos não só dos costumes chineses, japoneses e de outros povos asiáticos, mas também pelo retrato que faz, nem sempre abonatório, da presença portuguesa no Oriente do século XVI.»
Na Grande Enciclopédia Delta Larousse, pode ler-se que
«Fernão Mendes Pinto incorre por vezes em exagerações fantasiosas que, por serem tais e tantas, deram origem ao conhecido jogo de palavras: "Fernão! Mentes? Minto." Todavia, como observam vários historiadores modernos, em todas as fantasias que nos relata há muito de verdadeiro, e sua obra constitui um dos mais ricos repositórios de informações sobre a época e os costumes antigos das regiões que percorreu.
(...)
A Peregrinação foi traduzida, logo depois da sua publicação, para a maioria das línguas cultas do mundo, fazendo de Fernão Mentes Pinto um dos escritores portugueses mais divulgados internacionalmente.»
Na pág. 26 do vol. II da História de Portugal , de Oliveira Marques, diz-se que:
«O maior de todos os viajantes portugueses da primeira metade do século XVI foi, sem dúvida, Fernão Mendes Pinto, aventureiro em busca de fortuna, que visitou o sudoeste asiático, a China, o Japão, em longos percursos que lhe ocuparam dezassete anos de vida (1537 - 1554). A sua peregrinação, só publicada em 1614, combina uma boa dose de imaginação e de fantasia com grande parte de informes verídicos e palpitantes de vida. Com justiça tem sido apodado de Marco Polo portugues.»
Na História de Literatura Portuguesa, de António José Saraiva e Óscar Lopes (pp 319 - 320; da 6ª edição) pode ler-se:
«O mais interessante livro de viagem do século XVI português e um dos mais interessantes da literatura mundial é a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto (~1510 - 1583).
(...)
Podem distinguir-se na Peregrinação capítulos que se inspiram evidentemente na experiência directa e capítulos que são reconstrução a partir de fontes literárias e outras igualmente indirectas. Está no primeiro caso a descrição do Japão, ou antes, dos meios aristocráticos japoneses, de que F.M.P. apreendeu com finura feições típicas, como o espírito guerreiro, a cortesia fidalga, a fúria da honra, e outros - antecipando-se aos observadores exotistas do século XIX. Está no segundo caso a descrição da China, prodigiosa civilização que o espanta e cuja superioridade ele procura explicar pela história, leis, normas morais e preceitos religiosos. Esta descrição da China é na realidade o esboço de uma utopia, e antecipa-se à crítica social mediante contrastes de civilizações, tão praticada no século XVIII.
O exotismo de F. M. Pinto resulta do seu interesse incessante pelas formas das civilizações que percorreu. Mas, ao contrário do que sucede com a maior parte da literatura exótica do séc. XIX, não se trata de um simples desfrutador de curiosidade. Não tem o preconceito de superioridade da sua civilização ou de sua raça, e por isso assume facilmente perante os orientais uma atitude admirativa e humilde que o leva, por exemplo, a desejar que as leis de China sejam imitadas em Portugal. A isenção de preconceitos raciais, nacionais ou religiosos, juntamente com a atitude crítica que nunca abandona, revelam-se ao pôr na boca das suas personagens orientais as opiniões e comentários mais depreciativos acerca dos Europeus. Para eles, estes homens brancos e barbados não passam de vagabundos miseráveis ou de salteadores bárbaros, sem educação, sem humanidade sem verdadeira religião.»
A propósito da historiografia nacional, recordemos que, para Oliveira Martins, ela apresenta três épocas sucessivas de considerável extensão, mas todas efémeras, pois, em nenhuma delas, se conseguiu fixar uma tradição, mais precisamente, fundar uma escola. (Ver "História de Portugal", de Oliveira Martins, 11ª ed. pp. 327 - 328, 2º vol.)
A primeira é a Academia de História (1720 - 1731), a que presidiu o membro da Ordem dos Clérigos Regulares, D. António Caetano de Sousa, com a sua História Genealógica.
A segunda é a da Academia das Ciências (1780 - 1796), a que presidiu o historiador João Pedro Ribeiro, cónego das sés de Porto, Viseu e Faro, lente da Universidade de Coimbra e considerado fundador da Ciência Diplomática; foi autor de várias obras, nomeadamente a Dissertação Cronológica, as Reflexões, etc.
Finalmente, a terceira é a de Alexandre Herculano, com a sua História de Portugal.
Depois da História de Portugal de Herculano, a historiografia nacional extingue-se; isto não significa que não tenham aparecido trabalhos valiosos de História - apareceram alguns, mas o que não apareceu foi um conjunto de historiadores suficientemente grande e resoluto, que assumisse a responsabilidade de continuar a enfrentar as dificuldades dos trabalhos históricos.
Joaquim Barradas de Carvalho, no seu livro intitulado Da História - Crónica à História - Ciência (Colecção Horizonte nº 16, 1972, p. 90) informa que Alexandre Herculano caracterizou a sua História de Portugal como «a primeira tentativa de uma história crítica de Portugal» e informa ainda que António Sérgio aceitou esta caracterização de Herculano. No livro de António Sérgio, intitulado Breve Interpretação da História de Portugal (p.141) pode ler-se:
«A sua História (1846 - 1853) e o Verdadeiro Método de Estudar, de Verney (1747), são os dois livros capitais da cultura portuguesa, depois da época do Renascimento.»
De acordo com a opinião de Barradas de Carvalho, foi com Herculano que nasceu em Portugal a historiografia científica, pois, até então, a historiografia existente em Portugal não diferia profundamente daquela que faziam os cronistas medievais ou renascentistas, sejam eles Gomes Eanes de Azurara ou João de Barros, Rui de Pina ou Damião de Góis.
E Barradas de Carvalho teve o cuidado de explicar o motivo pelo qual não incluiu Fernão Lopes no seu conjunto dos cronistas mencionados. É que, conforme assinala barradas de Carvalho,
«Em Fernão Lopes existe o cronista, mas já existe também o historiador. Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes é cronista quando se ocupa de Nuno Álvares Pereira, o seu herói individual, de quem faz incondicionalmente o panegírico, tal como Zurara o faz para o Infante D. Henrique; é já historiador, como nenhum outro cronista, quando personifica a cidade de Lisboa, quando se ocupa do povo de Lisboa na Revolução de 1383, quando se ocupa do povo português, o seu herói colectivo; fica entre o cronista e o historiador, fica na transição da crónica à história, quando se ocupa de D. João I, mestre de Avis e rei de Portugal, por ele sempre criticado, o seu anti - herói, se assim lhe podemos chamar.
(...) O caso extraordinário, e mesmo inesperado, que nos parece ser o de Fernão Lopes, só poderá ter a sua explicação, se atentarmos no facto de que ele foi o cronista da Revolução de 1383, a primeira revolução burguesa da história da humanidade, `escala de uma nação.»
No capítulo Sobre história e ciências humanas, título de uma palestra realizada por Barradas de Carvalho, em 20 de Março e em 3 de Abril de 1968, no Anfiteatro Fernand Brandel, do Departamento de História para alunos do 1º ano do Curso de História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, texto incluído no livro Da História -Crónica à História - Ciência, afirma-se, a certa altura o seguinte (p.66):
«A história, ciência das ciências do homem, a história, ciência fundamental entre as ciências sociais, ciência fundamental entre as ciências humanas, surge-nos, na verdade, muito logicamente - tal como a física teórica - como menos operacional de que qualquer das restantes ciências sociais, menos operacional do que qualquer das restantes ciências humanas. Menos operacional do que a geografia, menos operacional do que a economia, menos operacional do que a sociologia, menos operacional do que a política, menos operacional do que a psicologia.
Mas, entretanto, a prática colocou, relativamente, em dificuldade a teoria, a prática colocou, relativamente, em dificuldade a lógica desta nossa exposição. Para citarmos a amostra mais representativa, poderemos dizer que a historiografia francesa contemporânea, melhor, o sector verdadeiramente significativo, de vanguarda, da historiografia francesa contemporânea, modificou, transformou, revolucionou, relativamente, na prática, aquilo que nos parecia o quadro lógico.»
E Barradas de Carvalho continua, afirmando:
«O movimento esboçado por Henri Berr, com La Synthèse en Histoire e verdadeiramente lançado por Lucien Fèbvre e Marc Bloch - agora sob a direcção de Fernand Braudel, para s´citar os nomes mais expressivos - com a revista Annales (Économies - Societés - Civilisations) e com a VI Secção (Ciências Económicas e Sociais) da Escola Prática de Altos Estudos da Universidade de Paris, veio modificar substancialmente o esquema lógico a que nos referimos. E veio modificá-lo na medida em que desapareceram quase por completo as barreiras entre as diversas ciências humanas, entre as diversas ciências humanas, entre as diversas ciências sociais. Na medida em que se atenuou de maneira quase total a distinção entre a história e a geografia, a história e a economia, a história e a sociologia, a história e a política, a história e a psicologia, poderemos dizer que a história, as ciências históricas deixaram de ser tão menos operacionais do que as restantes ciências sociais, as restantes ciências humanas. Deixaram de ser tão menos operacionais, mas não deixaram de ser - está na sua natureza mesma - a ciência fundamental entre o complexo e variado naipe das ciências sociais, das ciências humanas.»
Heri Berr (1863 - 1954) - Foi Professor e teórico de História, que, em vários trabalhos, combateu o eruditismo como forma menor de investigação. Considerava a Síntese Histórica como a principal operação a realizar, devendo esta orientar-se pelo princípio da interacção das causas. Foi Director do Centro Internacional de Síntese e da Revue de Synthèse Historique (1900 - 1930), depois Revue de Synthèse (1930)
(Nova Enciclopédia Larousse, vol 4)
Lucien Febvre (1878 - 1956) - Historiador francês e professor da Universidade de Estrasburgo e do Colégio de França. Defensor das mais modernas concepções de historiografia, fundou com Marc Bloch os Annales d' Histoire Économique et Sociale. Foi continuador do pensamento de Henry Berr na Revue de Synthèse. Desde 1933, concebeu e orientou a Encyclopédie Française.
(Nova Enciclopédia Larousse, vol. 10)
Marc Bloch (1886 - 1944) - Professor de História Económica na Sorbonne; entrou para a Resistência Antifascista em 1942. Foi preso pela Gestapo e fuzilado, sem julgamento pelos nazis em 16 de Junho de 1944 (Ver Combates pela História, de Lucien Febvre, pag 241)
Fernand Braudel (1902 - 1985) - Historiador francês, foi Professor no Colégio de França, fundou a revista Annales juntamente com L. Febvre e Marc Bloch. Abriu a história ao estudo dos fenómenos de longa duração.
(Nova Enciclopédia Larousse, vol. 4)
Fernand Braudel é considerado um dos entusiastas da historiografia contemporânea. No seu livro Escritos sobre a História (tradução de Francisco Paiva Boléo, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1997), escreveu (p.81):
«Esta busca de uma história não factual [i.e., não limitada aos factos singulares] impôs-se de uma maneira imperiosa no contacto com as outras ciências do homem, contacto inevitável (as polémicas são prova disso) e que, em França, se organizou a partir de 1900, graças à maravilhosa Revue de Synthèse historique de Henri Berr, cuja leitura, retrospectivamente, é tão emocionante; a seguir, a partir de 1939, graças à vigorosa e muito eficaz campanha dos Annales de Lucien Febvre e Marc Bloch. A história dedicou-se desde então, a observar tanto os factos que se repetem como os singulares, tanto as realidades conscientes como as inconscientes. O historiador quis, desde então, ser e foi economista, sociólogo, antropólogo, demógrafo, psicólogo, linguista ... Estas novas ligações de espírito foram, simultaneamente, ligações de amizade e de coração. Os amigos de Lucien Febvre e de Marc Bloch, fundadores, animadores também eles dos Annales constituiram um colóquio permanente das ciências do homem, de Albert Demaugeon e de Jules Sion, os geógrafos, a Maurice Halbwachs, o sociólogo, de Charles Bloudel e de Henri Wallon, os psicólogos, a François Simiand, o filósofo - sociólogo - economista. Com eles, a história dedicou-se, bem ou mal, mas de maneira decidida, a todas as ciências do humano; ela quis-se, com os seus chefes de fila, uma impossível ciência global do homem. (...) Desde então, a história continuou nesta mesma linha a alimentar-se das outras ciências do homem.»
*A primeira é a Academia de História (1720 - 1731), a que presidiu o membro da Ordem dos Clérigos Regulares, D. António Caetano de Sousa, com a sua História Genealógica.
A segunda é a da Academia das Ciências (1780 - 1796), a que presidiu o historiador João Pedro Ribeiro, cónego das sés de Porto, Viseu e Faro, lente da Universidade de Coimbra e considerado fundador da Ciência Diplomática; foi autor de várias obras, nomeadamente a Dissertação Cronológica, as Reflexões, etc.
Finalmente, a terceira é a de Alexandre Herculano, com a sua História de Portugal.
Depois da História de Portugal de Herculano, a historiografia nacional extingue-se; isto não significa que não tenham aparecido trabalhos valiosos de História - apareceram alguns, mas o que não apareceu foi um conjunto de historiadores suficientemente grande e resoluto, que assumisse a responsabilidade de continuar a enfrentar as dificuldades dos trabalhos históricos.
Joaquim Barradas de Carvalho, no seu livro intitulado Da História - Crónica à História - Ciência (Colecção Horizonte nº 16, 1972, p. 90) informa que Alexandre Herculano caracterizou a sua História de Portugal como «a primeira tentativa de uma história crítica de Portugal» e informa ainda que António Sérgio aceitou esta caracterização de Herculano. No livro de António Sérgio, intitulado Breve Interpretação da História de Portugal (p.141) pode ler-se:
«A sua História (1846 - 1853) e o Verdadeiro Método de Estudar, de Verney (1747), são os dois livros capitais da cultura portuguesa, depois da época do Renascimento.»
De acordo com a opinião de Barradas de Carvalho, foi com Herculano que nasceu em Portugal a historiografia científica, pois, até então, a historiografia existente em Portugal não diferia profundamente daquela que faziam os cronistas medievais ou renascentistas, sejam eles Gomes Eanes de Azurara ou João de Barros, Rui de Pina ou Damião de Góis.
E Barradas de Carvalho teve o cuidado de explicar o motivo pelo qual não incluiu Fernão Lopes no seu conjunto dos cronistas mencionados. É que, conforme assinala barradas de Carvalho,
«Em Fernão Lopes existe o cronista, mas já existe também o historiador. Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes é cronista quando se ocupa de Nuno Álvares Pereira, o seu herói individual, de quem faz incondicionalmente o panegírico, tal como Zurara o faz para o Infante D. Henrique; é já historiador, como nenhum outro cronista, quando personifica a cidade de Lisboa, quando se ocupa do povo de Lisboa na Revolução de 1383, quando se ocupa do povo português, o seu herói colectivo; fica entre o cronista e o historiador, fica na transição da crónica à história, quando se ocupa de D. João I, mestre de Avis e rei de Portugal, por ele sempre criticado, o seu anti - herói, se assim lhe podemos chamar.
(...) O caso extraordinário, e mesmo inesperado, que nos parece ser o de Fernão Lopes, só poderá ter a sua explicação, se atentarmos no facto de que ele foi o cronista da Revolução de 1383, a primeira revolução burguesa da história da humanidade, `escala de uma nação.»
No capítulo Sobre história e ciências humanas, título de uma palestra realizada por Barradas de Carvalho, em 20 de Março e em 3 de Abril de 1968, no Anfiteatro Fernand Brandel, do Departamento de História para alunos do 1º ano do Curso de História da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, texto incluído no livro Da História -Crónica à História - Ciência, afirma-se, a certa altura o seguinte (p.66):
«A história, ciência das ciências do homem, a história, ciência fundamental entre as ciências sociais, ciência fundamental entre as ciências humanas, surge-nos, na verdade, muito logicamente - tal como a física teórica - como menos operacional de que qualquer das restantes ciências sociais, menos operacional do que qualquer das restantes ciências humanas. Menos operacional do que a geografia, menos operacional do que a economia, menos operacional do que a sociologia, menos operacional do que a política, menos operacional do que a psicologia.
Mas, entretanto, a prática colocou, relativamente, em dificuldade a teoria, a prática colocou, relativamente, em dificuldade a lógica desta nossa exposição. Para citarmos a amostra mais representativa, poderemos dizer que a historiografia francesa contemporânea, melhor, o sector verdadeiramente significativo, de vanguarda, da historiografia francesa contemporânea, modificou, transformou, revolucionou, relativamente, na prática, aquilo que nos parecia o quadro lógico.»
E Barradas de Carvalho continua, afirmando:
«O movimento esboçado por Henri Berr, com La Synthèse en Histoire e verdadeiramente lançado por Lucien Fèbvre e Marc Bloch - agora sob a direcção de Fernand Braudel, para s´citar os nomes mais expressivos - com a revista Annales (Économies - Societés - Civilisations) e com a VI Secção (Ciências Económicas e Sociais) da Escola Prática de Altos Estudos da Universidade de Paris, veio modificar substancialmente o esquema lógico a que nos referimos. E veio modificá-lo na medida em que desapareceram quase por completo as barreiras entre as diversas ciências humanas, entre as diversas ciências humanas, entre as diversas ciências sociais. Na medida em que se atenuou de maneira quase total a distinção entre a história e a geografia, a história e a economia, a história e a sociologia, a história e a política, a história e a psicologia, poderemos dizer que a história, as ciências históricas deixaram de ser tão menos operacionais do que as restantes ciências sociais, as restantes ciências humanas. Deixaram de ser tão menos operacionais, mas não deixaram de ser - está na sua natureza mesma - a ciência fundamental entre o complexo e variado naipe das ciências sociais, das ciências humanas.»
Heri Berr (1863 - 1954) - Foi Professor e teórico de História, que, em vários trabalhos, combateu o eruditismo como forma menor de investigação. Considerava a Síntese Histórica como a principal operação a realizar, devendo esta orientar-se pelo princípio da interacção das causas. Foi Director do Centro Internacional de Síntese e da Revue de Synthèse Historique (1900 - 1930), depois Revue de Synthèse (1930)
(Nova Enciclopédia Larousse, vol 4)
Lucien Febvre (1878 - 1956) - Historiador francês e professor da Universidade de Estrasburgo e do Colégio de França. Defensor das mais modernas concepções de historiografia, fundou com Marc Bloch os Annales d' Histoire Économique et Sociale. Foi continuador do pensamento de Henry Berr na Revue de Synthèse. Desde 1933, concebeu e orientou a Encyclopédie Française.
(Nova Enciclopédia Larousse, vol. 10)
Marc Bloch (1886 - 1944) - Professor de História Económica na Sorbonne; entrou para a Resistência Antifascista em 1942. Foi preso pela Gestapo e fuzilado, sem julgamento pelos nazis em 16 de Junho de 1944 (Ver Combates pela História, de Lucien Febvre, pag 241)
Fernand Braudel (1902 - 1985) - Historiador francês, foi Professor no Colégio de França, fundou a revista Annales juntamente com L. Febvre e Marc Bloch. Abriu a história ao estudo dos fenómenos de longa duração.
(Nova Enciclopédia Larousse, vol. 4)
Fernand Braudel é considerado um dos entusiastas da historiografia contemporânea. No seu livro Escritos sobre a História (tradução de Francisco Paiva Boléo, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1997), escreveu (p.81):
«Esta busca de uma história não factual [i.e., não limitada aos factos singulares] impôs-se de uma maneira imperiosa no contacto com as outras ciências do homem, contacto inevitável (as polémicas são prova disso) e que, em França, se organizou a partir de 1900, graças à maravilhosa Revue de Synthèse historique de Henri Berr, cuja leitura, retrospectivamente, é tão emocionante; a seguir, a partir de 1939, graças à vigorosa e muito eficaz campanha dos Annales de Lucien Febvre e Marc Bloch. A história dedicou-se desde então, a observar tanto os factos que se repetem como os singulares, tanto as realidades conscientes como as inconscientes. O historiador quis, desde então, ser e foi economista, sociólogo, antropólogo, demógrafo, psicólogo, linguista ... Estas novas ligações de espírito foram, simultaneamente, ligações de amizade e de coração. Os amigos de Lucien Febvre e de Marc Bloch, fundadores, animadores também eles dos Annales constituiram um colóquio permanente das ciências do homem, de Albert Demaugeon e de Jules Sion, os geógrafos, a Maurice Halbwachs, o sociólogo, de Charles Bloudel e de Henri Wallon, os psicólogos, a François Simiand, o filósofo - sociólogo - economista. Com eles, a história dedicou-se, bem ou mal, mas de maneira decidida, a todas as ciências do humano; ela quis-se, com os seus chefes de fila, uma impossível ciência global do homem. (...) Desde então, a história continuou nesta mesma linha a alimentar-se das outras ciências do homem.»
Já antes dissemos que este livro de Miguel Urbano, pelo modo como tratou o tema escolhido, pode motivar a elaboração de outros livros sobre temas análogos ao tema deste.
Este livro mostra que o seu Autor adquiriu uma grande experiência na divulgação da História política. De facto, Miguel Urbano não começou com este livro a sua vida de escritor em luta pela Democracia e pela Paz.
A sua luta já vem de longe. Só em em dois dos seus livros há anos publicados,
Da Resistência à Revolução, em 1975, eEste livro mostra que o seu Autor adquiriu uma grande experiência na divulgação da História política. De facto, Miguel Urbano não começou com este livro a sua vida de escritor em luta pela Democracia e pela Paz.
A sua luta já vem de longe. Só em em dois dos seus livros há anos publicados,
Revolução e Vida, em 1978
podemos ler 75 artigos (40 no 1º livro e 35 no 2º), artigos que contêm textos publicados em jornais, essencialmente dedicados à luta contra o fascismo, contra o colonialismo, contra o imperialismo, especialmente o imperialismo americano, o mais perigoso de todos.
Com a leitura desses artigos, podemos aprender muito: aprender a lutar pela democracia,com firmeza e sem sectarismo.
A sua actividade política constitui um belo exemplo de amor à liberdade, à democracia, à solidariedade humana, ao socialismo; ao socialismo autêntico - não (evidentemente!) àquele socialismo que alguém muito apregoa, mas que o encerrou alegremente numa gaveta e nunca mais pensou em retirá-lo de lá ...
Peço licença, meus amigos, para terminar estas palestra, recordando uma frase que Miguel Urbano escreveu no fim do último artigo publicado no livro intitulado Revolução e Vida. A frase é a seguinte:
«Só a esquerda unida poderá desbravar a estrada que conduz ao socialismo.»
Com a leitura desses artigos, podemos aprender muito: aprender a lutar pela democracia,com firmeza e sem sectarismo.
A sua actividade política constitui um belo exemplo de amor à liberdade, à democracia, à solidariedade humana, ao socialismo; ao socialismo autêntico - não (evidentemente!) àquele socialismo que alguém muito apregoa, mas que o encerrou alegremente numa gaveta e nunca mais pensou em retirá-lo de lá ...
Peço licença, meus amigos, para terminar estas palestra, recordando uma frase que Miguel Urbano escreveu no fim do último artigo publicado no livro intitulado Revolução e Vida. A frase é a seguinte:
«Só a esquerda unida poderá desbravar a estrada que conduz ao socialismo.»
José Morgado
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