GUERRA NUNCA MAIS!
No dia 8 de Maio de 1945, às 23 horas e 1 minuto (hora da Europa Ocidental) terminou, na Europa, a 2ª Grande Guerra. Nesse dia e nessa hora, perante o marechal soviético Zukov e o marechal britânico Tedder, na presença do general francês Lattre de Tassigny e o general americano Spaatz, os representantes do alto comando do exército hitleriano, marechal de campo Keitel, coronel-general Stumpff e almirante-general von friedeburg, assinaram o documento de rendição incondicional da Alemanha nazi.
Na conferência da Crimeia, realizada em 11 de Fevereiro de 1945, os dirigentes das Nações aliadas Grã-Bretanha, Estados unidos da América e União Soviética, resolveram declarar:
«É nossa vontade inabalável destruir o militarismo alemão e o nacional-socialismo, actuando para que a Alemanha nunca mais seja capaz de perturbar a paz mundial. Estamos dispostos a desarmar e dissolver todas as forças armadas alemãs; a destruir uma vez por todas o Estado-Maior general alemão que repetidas vezes reestabeleceu o militarismo alemão; (…) a apresentar os criminosos de guerra ao tribunal e castigá-los, promovendo ao mesmo tempo a reparação de todos os danos causados pelos alemães; a abolir o partido nacional-socialista, as leis, as organizações e instituições nacional-socialistas, eliminando das repartições públicas, assim como da vida cultural e económica da nação alemã, todas as influências nacional-socialistas e militaristas e ordenando a tomada de medidas necessárias para a paz futura e a segurança mundial. Não temos a intenção de aniquilar o povo alemão, mas só quando o nacional-socialismo e o militarismo forem exterminados, existirá para os alemães a esperança de uma vida digna e dum lugar no meio da comunidade dos povos.»
Em face disto, é claro que a iniciativa, do governo dos Estados Unidos, de patrocinar a formação do Pacto do Atlântico e a entrada da Alemanha Ocidental para esse pacto, o rearmamento geral e, especialmente, o rearmamento da Alemanha Ocidental, o aproveitamento de quadros nazis para ocupar postos de comando na organização das forças armadas e manter focos de militarismo, constitui grosseira violação de obrigações livremente assumidas, que lança a inquietação em todo o mundo e obriga outros países a rearmar-se também, para se defenderem de uma eventual agressão.
O trágico balanço do crime fascista que consistiu em desencadear a 2ª Grande Guerra deve estar presente na mente de todos nós: 50 milhões de mortos, sendo 20 milhões de soviéticos, mais de 6 milhões de polacos, mais de milhão e meio de jugoslavos, 600 000 franceses, 400 000 mil americanos, 375 000 mil britânicos, 6 milhões de alemães, etc.
Este trágico balanço faz-nos pensar em como é criminosa qualquer orientação política que conduza a apoiar grupos ou governos fascistas em qualquer parte do mundo, em como é criminosa qualquer orientação política que conduza a provocar o rearmamento, nomeadamente a produção de armas nucleares.
O único governo que até hoje teve a crueldade suficiente para usar armas atómicas contra seres humanos, promovendo um holocausto atómico, foi o governo dos Estados Unidos. No dia 6 de Agosto de 1945, às 11 horas e 15 minutos (hora local) uma superfortaleza voadora americana lançou uma bomba atómica na cidade japonesa de Hiroxima e, no dia 9 de Agosto, às 11 horas e 2 minutos, outra superfortaleza voadora americana lançou outra bomba atómica sobre a cidade japonesa de Nagasáqui.
Estas duas bombas atómicas provocaram um total de cerca de 130 000 mortos e 70 000 feridos, além de destruições materiais como nunca antes se tinha visto.
Não voltou a ser usada a bomba atómica contra seres humanos, não porque os criminosos que ordenaram o seu uso se tivessem arrependido do crime que cometeram contra a humanidade, mas porque a isso se opôs o grande movimento mundial de massas pela paz e cooperação entre os povos. A bomba atómica e outras armas de destruição em massa não foram usadas pelos agressores americanos na Coreia nem no Vietnam, porque a isso se opuseram os povos unidos em defesa da paz, incluindo o povo americano, cuja luta contra a guerra, especialmente contra a guerra na Coreia e no Vietnam ficará inscrita, como exemplo, na memória dos povos!
Mas deve reconhecer-se que, não tendo podido usar novamente, contra seres humanos, armas atómicas ou nucleares, cujo poder destruidor deixa a perder de vista as bombas atómicas usadas contra o povo japonês em Hiroxima e Nagasáqui, a crueldade e insensibilidade da classe dos que, desde 1945, ameaçam o mundo com a destruição nuclear, não diminuíram, pelo contrário, actualmente são muito frequentes as ameaças nucleares proferidas por representantes da classe que detém o poder nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo que investem muitos biliões de dólares no fabrico de engenhos nucleares, gastam também milhões e milhões de dólares na preparação de actos de subversão e preparação de quadros assassinos, por intermédio da CIA.
A falta de escrúpulos em promover o fabrico de brinquedos infantis que imitam asmas de guerra sofisticadas, em exibir filmes, alguns dos quais destinados a crianças, onde se imita a chamada “guerra das estrelas” (falta de escrúpulos só comparável à revelada pelo propósito do Sr. Reagan de, no quadragésimo aniversário do fim da guerra na Europa, ir prestar homenagem à memória dos criminosos das SS nazis) põe a nu o carácter belicista da orientação política seguida pela classe dominante de um país de tão gloriosas tradições de luta pela liberdade e pela paz!
Numa sociedade em que impera a ideia do lucro, as armas que são produzidas destinam-se a serem usadas e substituídas por outras armas, pois só assim cumprem a função de dar lucro, par que foram fabricadas.
Desta forma, quando um governo de uma sociedade em que impera a ideia do lucro diz que produz armas para não serem usadas, tal governo sabe que está mentindo, sabe que produzir armas para não serem usadas, está em contradição com o tipo de sociedade em que elas são produzidas.
É preciso acabar com tal mentira!
A defesa de uma política de paz reclama o desarmamento, reclama a reconversão da indústria do armamento em indústrias que visem a elevação do nível de vida do povo, em indústrias destinadas a facilitar o trabalho humano, a proporcionar tempos livres que possam ser utilizados para recreação e elevação do nível cultural do povo.
O povo repele a hipocrisia e desonestidade de uma política que se diz de paz e prepara a guerra!
O povo quer uma política que se diga de paz e prepare a paz, uma política que se diga de paz e pratique o desarmamento, uma política que se diga de paz e utilize o dinheiro que se iria gastar em armas de destruição em massa, para resolver o problema da fome!
Contra a chantagem nuclear, contra a chamada “guerra das estrelas”, contra a instalação de mísseis na Europa e em todo o mundo, contra a instalação de bases militares, defendemos a realização de negociações que abram caminho ao desarmamento e cooperação entre os estados!
O problema da paz diz respeito a todos nós!
A 39ª Assembleia Geral das Nações Unidas, por proposta da República Democrática Alemã, aprovou uma resolução que declara os dias 8 e 9 de Maio dias de luta contra o fascismo.
Por ocasião do 40º aniversário do fim da guerra na Europa, a Associação Portugal-URSS saúda todos os partidários da paz portugueses e todos os partidários da paz soviéticos e formula os seus melhores votos de que as próximas negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética tenham o melhor êxito no interesse da paz e cooperação entre os povos.
Os milhões de vidas humanas que se perderam em consequência da última guerra mundial, os sofrimentos de tantos milhões de seres humanos perseguidos e vitimados pelos fascistas, a salvaguarda da vida da Humanidade ameaçada pelo holocausto nuclear, exigem de todos nós
UNIDADE DE ACÇÃO EM DEFESA DA PAZ!
FASCISMO NUNCA MAIS!
GUERRA NUNCA MAIS!
VIVA A PAZ E COOPERAÇÃO ENTRE OS POVOS!
Porto, 2 de Maio de 1985
O Conselho Distrital do Porto
Da Associação Portugal - URSS
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